Não importa que a sua conta esteja quase sempre no vermelho e você precise pegar o metrô lotado todos os dias. Não importa que o grande amor da sua vida não se apaixonou por você e no tempo da escola você não fez parte do grupo dos populares.
Não importa que você passou dos trinta ou quarenta e não conquistou tudo o que você mais queria. Não importa que tenham partido o seu coração inúmeras vezes e pessoas que você tinha em alta conta se mostraram verdadeiras cretinas depois de algum tempo. Não importa o que te aconteceu. A vida é uma experiência única.
E entre mortos e feridos, de uma forma ou de outra, sobrevivemos. E sobreviventes são perigosos porque sabem que podem sobreviver. Ouvi esta frase em algum lugar, mas não lembro a fonte. Só sei que ela me parece muito impressionante e verdadeira. Sobreviventes sabem que é na dor que nos fortalecemos.
É na perda que aprendemos. É no fim de um ciclo que recomeçamos. Sobreviventes têm muitas histórias para contar, conselhos para dar e palavras sábias que podem mudar radicalmente a vida do outro. Sobreviventes improvisam, se reciclam, transformam lixo emocional em lição de vida, em combustível para novas experiências mais plenas.
A vida é trágica. Não no sentido do melodrama necessariamente. A tragédia é inerente à vida humana porque esta é frágil e instável. A vida humana é finita. A nossa tragédia começa com a nossa certeza de finitude. A vida é trágica porque ela é incompleta. Nós somos incompletos. Sempre nos falta alguma coisa. Somos carentes, cheios de lacunas e reticências.
A vida é trágica porque nem sempre nossos sentimentos são correspondidos na mesma escala. A vida é trágica porque não é perfeita. Mas não importa o quanto tenham te machucado. Não importa o quanto você tenha se machucado. A vida é uma experiência única. Estar vivo por si só já é o maior dos milagres. Resta a cada um de nós decidir como usufruir deste presente
Sílvia Marques
Sílvia Marques
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